sábado

Fazer um doutoramento ou a revolução

   "— E tu? — perguntou-me, pegando-me pelo braço. — Tu quê, meu velho?
    — Eu, nada — respondi. — Eu, aqui, como tradutor na Unesco, em Paris.
   Hesitou um momento, receoso de que aquilo que me ia dizer pudesse magoar-me. Era uma pergunta que, sem dúvida, estava havia tempo a queimar-lhe a língua.
   — É isso que queres ser na vida? Nada mais que isso? Todos os que vêm para Paris aspiram a ser pintores, escritores, músicos, actores, encenadores de teatro, fazer um doutoramento ou a revolução. Tu só queres isso, viver em Paris? Nunca o engoli, velhote, confesso-te.
   — Bem sei que não. Mas é a pura verdade, Paúl. Em miúdo, queria ser diplomata, mas era só com o fito de me mandarem para Paris. É isso que quero: viver aqui. Achas pouco?"


5 comentários:

Pulha Garcia disse...

Reconheci o livro na primeira frase. Adoro esse livro. É um tratado sobre relações humanas e o meu livro preferido de um dos meus escritores preferidos.

Beatrix Kiddo disse...

Muito me contas "Ricardito" :)

Este livro é uma vida

Escolhi-o um pouco à toa\um pouco pela capa, porque queria ler algo deste escritor, e no início não me apercebi o que ai vinha, fui lendo, e quando acabei fiquei com vontade de ler de novo com outra atenção

Pulha Garcia disse...

(é fascinante e surpreendentemente real como muitas pessoas se deixam seduzir por amores impossíveis; how very bastard)

Sempre confiei no teu gosto em livros.



Mónica disse...

hummm leituras

Mónica disse...

fico-me pela vontade de ir a paris