sábado

"Eu por Lily apaixonei-me como um bezerro, a forma mais romântica de uma pessoa se apaixonar  dizia-se também ficar embeiçado de todo  e, nesse Verão inesquecível, atirei-me três vezes a ela. A primeira, na segunda plateia do Ricardo Palma, esse cinema que ficava no Parque Central de Miraflores, na matiné de domingo, e ela disse-me que não, que ainda era muito nova para ter namorado. A segunda, na pista de patinagem que foi inaugurada precisamente nesse Verão ao pé do Parque Salazar, e disse-me que não, que precisava de pensar porque, embora gostasse um bocadinho de mim, os pais lhe tinham pedido que não tivesse namorado enquanto não acabasse o quarto ano do liceu e ela ainda estava no terceiro. E, a última, poucos dias antes do grande sarilho, no Cream Rica da Avenida Larco, enquanto bebíamos um milk-shake de baunilha, e, claro, outra vez que não, para que é que me havia de dizer que sim se estando como estávamos parecíamos namorados? Não nos punham sempre juntos em casa de Marta quando jogávamos às verdades? Não nos sentávamos juntos na praia de Miraflores? Não dançava ela comigo mais do que com qualquer outro nas festas? Para quê, então, me havia de dar formalmente o sim se Miraflores inteiro já nos julgava namorados? Com a sua carinha de modelo, uns olhos escuros e marotos e uma boquinha de lábios carnudos, Lily era a coqueteria em figura de mulher."

Filme - En la Ciudad de Sylvia

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