"— E tu? — perguntou-me, pegando-me pelo braço. — Tu quê, meu velho?
— Eu, nada — respondi. — Eu, aqui, como tradutor na Unesco, em Paris.
Hesitou um momento, receoso de que aquilo que me ia dizer pudesse magoar-me. Era uma pergunta que, sem dúvida, estava havia tempo a queimar-lhe a língua.
— É isso que queres ser na vida? Nada mais que isso? Todos os que vêm para Paris aspiram a ser pintores, escritores, músicos, actores, encenadores de teatro, fazer um doutoramento ou a revolução. Tu só queres isso, viver em Paris? Nunca o engoli, velhote, confesso-te.
— Bem sei que não. Mas é a pura verdade, Paúl. Em miúdo, queria ser diplomata, mas era só com o fito de me mandarem para Paris. É isso que quero: viver aqui. Achas pouco?"
5 comentários:
Reconheci o livro na primeira frase. Adoro esse livro. É um tratado sobre relações humanas e o meu livro preferido de um dos meus escritores preferidos.
Muito me contas "Ricardito" :)
Este livro é uma vida
Escolhi-o um pouco à toa\um pouco pela capa, porque queria ler algo deste escritor, e no início não me apercebi o que ai vinha, fui lendo, e quando acabei fiquei com vontade de ler de novo com outra atenção
(é fascinante e surpreendentemente real como muitas pessoas se deixam seduzir por amores impossíveis; how very bastard)
Sempre confiei no teu gosto em livros.
hummm leituras
fico-me pela vontade de ir a paris
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