terça-feira

Estas honestas pessoas

"Com efeito, os rapazes de Paris não se parecem com os rapazes de nenhuma outra cidade. Dividem-se em duas classes: o jovem que tem alguma coisa e o jovem que não tem nada, ou, melhor, o jovem que pensa e o jovem que gasta, mas, compreenda-se bem, trata-se aqui apenas desses indígenas que levam em Paris uma vida deliciosamente elegante. Existem ainda outros jovens, mas esses são crianças que só muito mais tarde percebem a existência parisiense e são enganados por ela. Não especulam e estudam; cavam, como dizem os outros. Vêem-se ainda, finalmente, certos rapazes que se dedicam a uma carreira e a seguem simplesmente. São um pouco como Emílio de Rousseau, a carne do cidadão, e nunca frequentam a sociedade. Os diplomatas chamam-lhes, impolidamente, ingénuos. Ingénuos ou não, eles aumentam o número dessas pessoas medíocres sob o peso das quais a França se curva. Estão sempre presentes, sempre prontos a estragar os negócios públicos ou particulares com a colher chata da mediocridade, vangloriando-se sempre da sua impotência a que eles chamam honradez e bons costumes. Esta espécie de «prémios de excelência» social infesta a administração, o exército, a magistratura, as câmaras e a corte. Eles diminuem e vulgarizam o país, e constituem, de qualquer maneira, no corpo político, uma lista que o sobrecarrega e o torna plácido. Estas honestas pessoas chamam aos homens de talento imorais ou patifes. Se estes patifes fazem pagar os seus serviços, ao menos servem realmente. Quanto aos outros, prejudicam e são respeitados pela multidão mas, felizmente para a França, a juventude elegante estigmatiza-os sem cessar com o nome de pacóvios."



Estes na imagem são os outros, "les deux espèces de jeunes gens qui mènent une vie élégante". Também escreve sobre eles a seguir mas têm de ler o livro para saber.

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