quinta-feira

"— Odeio-te  disse ela. — Meu Deus, como te odeio!
Enquanto apanhava os cigarros, a noite e a zona fabril deserta pareciam estremecer sob o peso do ódio dela. Eu compreendia-a. Ela não odiava verdadeiramente Arturo Bandini; odiava, sim, o facto de ele não estar à altura das suas exigências. Queria amá-lo, mas não conseguia. Queria que ele fosse como Sammy: calado, taciturno, sombrio, um bom atirador, um bom empregado de balcão que a aceitava como empregada de mesa e nada mais. Saí do carro com um sorriso, sabendo que isso a magoaria.
 Boa noite  disse eu.  Está uma bela noite. Não me importo de ir a pé.
 Espero que não consigas chegar  disse ela.  Espero que te encontrem morto na sarjeta amanhã de manhã.
 Verei o que posso fazer  respondi.
Quando arrancou, escapou-se-lhe da garganta um soluço, um gemido angustiado. Uma coisa era certa: Arturo Bandini não servia para Camilla Lopez."


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