sexta-feira

É um livro acima de tudo sobre cadeiras

"...a maior parte das vezes deixava-se cair na sua atitude desleixada e enfadada, mas abominavelmente desejável, numa poltrona vermelha, ou numa chaise longue verde, ou numa cadeira de lona às riscas, com toldo e apoio para os pés, ou numa cadeira de balouço, ou em qualquer outra cadeira de jardim debaixo de um toldo vermelho, no pátio, e eram precisas horas de blandícias, ameaças e promessas para a convencer a conceder-me durante alguns segundos os seus membros bronzeados, na reclusão do quarto de cinco dólares, antes de fazer qualquer outra coisa que preferisse ao meu pobre prazer.
    Um misto de ingenuidade e fingimento, encanto e vulgaridade, amuos azuis e jovialidade rósea, Lolita, quando lhe apetecia, tornava-se uma garota muito exasperante. Eu não estava, de modo nenhum, preparado para os seus excessos de tédio desorganizado e interesse tenso e veemente, nem para o seu estilo desleixado, melancólico, de olhar apático, e tão pouco para aquela espécie de palhaçada difusa, que ela julgava denunciar uma personalidade «dura», à maneira de garoto vadio."


1 comentário:

Sargento Azul disse...

Garota,

Apesar de não te conhecer, esbarrei no seu blog e quero te parabenizar. Adoro Nabokov e muitos outros que você convocou aqui. Favoritei, acompanharei e compartilharei no facebook, se não tiver problema.

Outra vez, parabéns.

Verena