terça-feira

Dias felizes

"Dizia de si para si de uma forma abstracta: «Houve um tempo em que Odette me amava mais», mas nunca revia esse tempo. Tal como havia no seu gabinete de trabalho uma cómoda para a qual ele fazia o possível por não olhar, que o obrigava a fazer um desvio para a evitar à entrada e à saída, porque numa das gavetas estavam fechados o crisântemo que ela lhe dera na primeira noite em que a levara a casa e as cartas em que ela lhe dizia: «Se se tivesse esquecido também do coração, não deixaria que o recuperasse» e «Seja qual for a hora do dia ou da noite em que precise de mim, avise-me e disponha da minha vida», do mesmo modo havia nele um lugar donde nunca deixava aproximar-se o seu espírito, obrigando-o a fazer, se necessário fosse, o desvio de um longo raciocínio para que não tivesse que passar por lá: era aquele lugar onde vivia a recordação dos dias felizes."


2 comentários:

tony elliot d'ecarous disse...

uma, xica esperta

Anónimo disse...

Tb gosto disto