quarta-feira

O granadeiro Gobain suicidou-se por amor

    "Ordem do dia de Bonaparte, Primeiro Cônsul, à sua guarda: «O granadeiro Gobain suicidou-se por amor; era, de resto, muito boa pessoa. É a segunda vez que se verifica um acontecimento desta natureza durante o último mês. O Primeiro Cônsul ordena que seja fixado na ordem da guarda: que um soldado tem de vencer a dor e a melancolia das paixões; que há tanta coragem em sofrer com constância as penas da alma como em ficar em sentido sob a metralha duma bateria...»
    Estes granadeiros amoroso, melancólicos, de que linguagem extraíam eles as suas paixões? (pouco concordantes com a imagem da sua classe e da sua profissão)? Que livros teriam eles lido - ou que histórias teriam ouvido? Perspicácia de Bonaparte ao assimilar o amor a uma batalha, não no facto - banal - de dois intervenientes que se enfrentam, mas porque a rajada amorosa, cortante como metralha, provoca a surdez e o temor: crise, convulsão do corpo, loucura: aquele que está apaixonado à maneira romântica conhece a experiência da loucura."

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