quarta-feira

William Faulkner's Reducto Absurdum

    "Foi entre as sete e as oito que a sombra dos caixilhos apareceu nos cortinados e eu entrei outra vez no tempo, ao som do despertador. Era do Avô, e quando o Pai mo deu disse dou-te o mausoléu da esperança e do desejo; chega a ser dolorosamente justo que o uses para alcançares o reducto absurdum de toda a experiência humana, que responderá às tuas necessidades individuais tão bem como respondeu às do teu avô ou às do pai dele. Dou-to, não para que te lembres constantemente do tempo, mas para que te possas esquecer dele de vez em quando, sem depois te esfalfares na ânsia de o recuperares. Porque, como ele dizia, nenhuma batalha se pode considerar ganha. Nem sequer travada. O campo de batalha apenas revela ao homem a sua própria loucura e desespero, e a vitória é uma ilusão de filósofos e de loucos.
    Estava encostado à caixa dos colarinhos e eu deitado a escutá-lo. Isto é, apenas a ouvi-lo. Não creio que haja alguém que deliberadamente escute um relógio ou um despertador. Nem é preciso. Podemos abstrair-nos do som por largo tempo, e nisto, num segundo de atenção, ele recria na nossa mente o longo período de tempo que não ouvimos."

"When the shadow of the sash appeared on the curtains it was between seven and eight oclock and then I was in time again, hearing the watch. It was Grandfather’s and when Father gave it to me he said I give you the mausoleum of all hope and desire; it’s rather excruciating-ly apt that you will use it to gain the reducto absurdum of all human experience which can fit your individual needs no better than it fitted his or his father’s. I give it to you not that you may remember time, but that you might forget it now and then for a moment and not spend all your breath trying to conquer it. Because no battle is ever won he said. They are not even fought. The field only reveals to man his own folly and despair, and victory is an illusion of philosophers and fools."

 

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